segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vivendo e Aprendendo

Hoje a tarde depois da aula fui a Torres, cidade vizinha de Arroio do Sal, onde resido para comprar um modem da claro porque estou a vários dias sem conexão no noteboock já que resolvi aposentar aquele da tim que eu tinha.

Meu marido me levou. Chegando lá ele ficou no carro, abriu os vidros e ficou lendo um livro enquanto eu entrei na loja para fazer a compra que demorou de montão.

Depois de tudo resolvido, modem instalado no meu noteboock mas ainda sem funcionar já que leva de 4 a 24 horas para começar a conexão, voltei ao carro.

Dada a partida no carro eu logo quis fechar os vidros porque estava com frio, mas não funcionavam mais nenhum vidro fechava ou abria e isso já era noite e não tinha nenhuma auto elétrica aberta. Resultado: viemos até nosso posto de gasolina com os vidros abertos e quase congelamos.

Meu marido então falou que quando a gente passa por um aperto assim tem-se a possibilidade de trocar os fuzíveis e pegou o manual do carro para olharmos.

E eu que não entendo nada de mecânica, elétrica, nada! Descobri qual o fuzível era responsável por baixar e levantar os vidros e troquei pelo do isqueiro que tinha a mesma quantidade de amperes. Fiquei surpresa comigo mesma e resolvi escrever aqui, porque eu nunca tinha pensado em mexer em fuzíveis no carro e o mais incrível! Os vidros estão baixando e levantando...

Como diz a professora Nádie: tudo é aprendizagem!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Inclusão de fato e de direito é o que nossos alunos devem ter

Eu trabalho desde julho de 2004 com um aluno especial. A família que o adotou apesar de ter uma boa condição financeira e proporcionar todo tipo de exame, ainda não descobriu o que ele tem exatamente. Apenas temos informações de que os pais consanguineos usavam drogas e em gestação sofreu inclusive uma tentativa de aborto.

Ele dispõe de todo o aparato terapêutico como: fisioterapeuta, geneticista, psicóloga e psicopedagoga.

Tem dificuldade na fala e motricidade. A todo instante temos a impressão de que ele vai cair para a frente. Ele anda rápido e atualmente consegue fazer longas caminhadas. Quanto a fala tenho a impressão que ele pensa muito rápido e encontra dificuldade em articular as palavras certas para se fazer entender, a voz também falha de vez em quando. Ele precisa de tempo para se comunicar e paciência de quem está ouvindo para que ele consiga falar.

Em 2004 eu cheguei na escola onde estou até hoje, era regente da turma de 4ª série da escola. Em 2003 este aluno já estudava nesta escola mas havia saído para uma melhor acomodação de horários da família. Porém ele não se adaptou e voltou em julho de 2004, quando então eu o conheci. Como qualquer humano que encontra uma pessoa que não conhece, começamos devagar a nos comunicar, nos conhecer e aos poucos fomos criando laços. De lá para cá tivemos muito êxito e alguns fracassos que conforme Itard, referindo-se ao selvagem do Aveyron, atribuo mais aos meus desacertos do que a incapacidade deste menino sensível e esforçado detentor de uma capacidade incrível.

Em 2005 e 2006 ele permaneceu na 4ª série comigo. No início eu não conseguia entender o que ele escrevia com a letra cursiva, então um dia trabalhando cartazes percebi que ele tinha uma letra de forma bem legível, entusiasmei-o a escrever desta forma e respeitava seu ritmo tanto de leitura quanto de escrita. Ele escreve ortograficamente correto, tanto que os colegas estão sempre perguntando a ele se tal palavra se escreve com x ou ch ou outras pronúncias e ele se orgulha em responder, assim como a tabuada. Eu jamais deixei que ele permanecesse a mercê das aulas e exigia que ele sempre participasse inclusive das aulas de educação física onde é possível observar as habilidades físicas de cada um e ele percebia que nem todos eram tão rápidos e ágeis mas todos participavam das atividades inclusive ele.

Em 2007 ele começou a frequentar a 5ª série onde temos vários professores e eu deixei a 4ª série para companhá-lo nas aulas de Português e Artes, mas também olhava suas atividades nas outras disciplinas e observava atividades onde ele não havia terminado, questionei sobre um texto do caderno de Geografia que estava incompleto, ele me disse que estava copiando e o professor apagou então ele continuou a copiar onde o professor escreveu a seguir. Quando participava dos conselhos de classe ou reuniões com outros professores ficava observando eles falando que este aluno demorava muito e que não tinham como esperar, eu ficava enlouquecida pois sabemos que existem formas de fazer com que todos os alunos participem das atividades ou então participam da aula somente aqueles alunos cuja presença do professor é dispensável, este justamente é o nosso desafio: aqueles alunos que encontram dificuldades e que nós devemos encontrar estratégias para atingi-los.

Ele tem enorme habilidade com aparelhos eletrônicos como celulares e computadores: é meu único aluno que digita sem olhar para o teclado. Pedi então aos pais que adquirissem um laptop para que ele pudesse usar em sala de aula: ao invés de escrever no caderno, ele usa o laptop. Este ano estou com ele na 5ª série na disciplina de Português. Ele criou uma pasta para cada disciplina na área de trabalho do computador e, enfim... ainda é uma nova experiência que espero os professores consigam aproveitar da melhor maneira.

domingo, 5 de abril de 2009

O texto a seguir foi enviado para o Jornal de Arroio do Sal juntamente com a foto acima e foi publicado na íntegra no dia 03 de fevereiro de 2009.

Projeto “Envolva-se com a Dietschi”

“Podemos criticar a escola realmente existente, mas temos excelentes motivos
para defendê-la, para dedicar-lhe o melhor dos nossos esforços
para convertê-la não só em objeto de estudo e trabalho
mas numa causa ampla, generosa, democrática”
Marco Aurélio Nogueira

Para a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Dietschi o ano de 2008 foi o marco inicial de uma caminhada longa em busca de mais qualidade de vida através da preservação no entorno do Parque Tupancy e de uma escola melhor equipada.
Tudo começou quando visitamos o Parque Tupancy e aprendemos sobre a biodiversidade que ele abriga e a necessidade de a comunidade se envolver para que ele seja preservado. Decidimos então fazer a nossa parte e começamos pelo grupo a que pertencemos: nossa escola.
Desde abril a comunidade escolar foi convidada a se envolver com a Dietschi e com a comunidade de Rondinha. O projeto tem como objetivos preservar o meio ambiente, conscientizar a comunidade da importância da seleção do lixo para que ele possa ser reciclado, valorizar o ambiente escolar e participar ativamente da escola.
Todas as sextas-feiras a tarde nos reunimos fora do horário de aula e as pessoas são livres para participar ou não do projeto. Nestes encontros nós separamos o lixo que a comunidade leva para a escola, algumas mães fazem sabão com óleo de cozinha já utilizado, ajudamos a separar, organizar e digitar notas fiscais, pois recolhemos e participamos do Programa do Governo do Estado “A Nota é Minha” com o qual a escola arrecadou quase R$ 3.000,00 em 2008.
De abril a dezembro separamos e vendemos para reciclagem DUAS TONELADAS E MEIA de lixo seco (papel, papelão, latas e plásticos) e arrecadamos R$ 500,00.
Confeccionando sabão para uso da escola e vendendo para a comunidade, usamos 28 litros de óleo de cozinha já utilizado que deixaram de poluir VINTE E OITO MILHÕES DE LITROS DE ÁGUA DO SUBSOLO.
Com estas ações nós contribuímos com a preservação do ambiente em que vivemos, estamos mais presentes na escola de livre e espontânea vontade convivendo com nossos amigos e valorizamos mais nossa escola porque todo o dinheiro arrecadado é gasto de acordo com a prioridade definida por todos.
Em 2008 priorizamos bolas novas para a prática de esportes e uma sala com seis computadores ligados a internet para uso exclusivo dos alunos. São poucas máquinas ainda, mas estamos orgulhosos porque foi uma conquista nossa e assim também aprendemos a partilhar e trabalhar em grupo. Criamos até uma página na internet:
www.escolaprofessordietschi.pbwiki.com
a qual já está on line para que todos possam entrar e vislumbrar a inclusão digital a que estamos envolvidos. É possível conhecer a história da escola, projetos desenvolvidos, os blogs dos alunos, enfim... trabalhos realizados pela nossa escola.
Se você é como a gente que se preocupa com o meio ambiente, leve até a EEEF Professor Dietschi:
lixo seco bem limpinho;
óleo de cozinha já utilizado acondicionado em garrafas pet de 2 litros;
notas e cupons fiscais com valor igual ou maior que R$ 2,00.
Participe! Além de colaborar com uma paisagem livre de lixo espalhado você estará proporcionando melhorias em nossa escola.

IMPORTANTE: Durante as férias o plantão na escola é das 13 horas e 30 minutos até as 17 horas de segunda a sexta-feira.
Professora Mara Braum
Coordenadora do Projeto Envolva-se com a Dietschi

Sempre digo que, na escola, falta um profissional de marketing,

pois acontecem tantas coisas lindas entre aquelas paredes que ficam ali, trancadas.

Mas quando acontecem acidentes todos os envolvidos e não envolvidos

no processo educacional dão sua opinião e ficam a encontrar culpados dentro da escola.

Foi por isso que eu resolvi mandar minha escrita para o jornal aqui do município

que se chama Jornal de Arroio do Sal e pedir que eles pudessem publicar.

Fiquei muito feliz com a acolhida pois eles publicaram meu texto na íntegra,

escolheram uma das fotos que enviei, cederam uma página inteira do jornal

e colocaram o espaço a minha disposição para outras publicações.

A seguir coloco a primeira matéria publicada ainda em 2008:


FECOARTE NA E.E.E.F. Professor Dietschi

No dia 12 de novembro de 2008 a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Dietschi de Rondinha esteve ainda mais iluminada, pois os alunos reunidos em grupos ou individualmente e orientados pelos professores apresentaram seus trabalhos demonstrando apropriação de múltiplos conhecimentos, além de decorar lindamente cada um dos estandes, abrilhantando a FECOARTE (Feira do conhecimento e Arte).
A abertura ocorreu às 8h e 30 minutos com o pronunciamento da diretora da escola professora Enilda Pioner logo após o hasteamento das bandeiras com o canto do Hino Nacional e com a presença de alunos, pais, professores, funcionários e jurados convidados para apreciarem o desempenho dos alunos. O evento se prolongou até as 17 horas com parada apenas para o almoço.
Os trabalhos trataram de assuntos diversos que foram da escolha dos alunos e começaram a ser construídos no início do ano letivo nas turmas de 1º Ano até 8ª série, incluindo o EJA. Objetiva-se com esta feira conscientizar a comunidade escolar da importância do ato de estudar, estimular a pesquisa, construir conhecimentos e saber repassá-los, motivar o estudo constante, a criatividade, a curiosidade e a vontade de aprender mais sobre assuntos do interesse de cada educando.
Durante o processo era comum perceber a troca de material entre os grupos já que muitas vezes os alunos se encontravam enquanto buscavam informações sobre seu trabalho informando-se sobre os assuntos que os outros estavam pesquisando e assim o exercício da solidariedade foi constante no dia a dia dos alunos, professores, funcionários da escola e dos pais que interagiram com os filhos na realização dos projetos.
Além dos conhecimentos apresentados pelos alunos, o evento contou com uma exposição de Arte onde os visitantes tiveram a oportunidade de apreciar belas obras de criação e releitura realizadas durante o ano e também apresentações de dança de salão.
Os títulos apresentados foram:
Conhecendo Arte; Tudo sobre Diamantes; Vulcões e Terremotos; Envolva-se com a Dietschi; Mário Quintana, Poesia sua Arte; Reciclagem Consciente; Infoaprendizagem; Fungos e bactérias; Fácil... Fácil... Multiplicar; Monteiro Lobato; Diversidade Cultural; Surf; Oficina do Folclore; História da Escrita; Borboletas; Como Descobrir Quadrados; Grafite não é Pichação; DST; Projeto de Pesquisa; A Vida no Gelo; Filhotes dos Animais; Conhecendo o Pulmão; Diálise; Biodiversidade de Arroio do Sal; Energia Eólica; Automóvel; Brincando com Arte e Descobrindo Palavras.
Foi um dia inesquecível onde a maioria dos grupos salientou-se pela organização, empenho, seriedade, qualidade do trabalho de pesquisa, criatividade na decoração do estande, apropriação de conhecimentos e apresentação oral. O sucesso da feira somente foi possível devido a grande união entre toda a comunidade escolar em que está inserida a Escola Professor Dietschi.
Acreditamos que com o decorrer de trabalhos como este os alunos passam a exercer realmente seu papel de aluno cidadão enquanto escolhe, traz outras possibilidades, pesquisa, estuda, prioriza, define e torna-se participativo na construção de um mundo mais justo e igualitário onde todos tenham a oportunidade e o prazer da transformação.
Professora Mara Braum