sábado, 17 de novembro de 2007

O que já era bom, agora ficou melhor ainda!

A Stela e eu estávamos comentando esta semana quantas coisas que nós já fazíamos e que agora estamos recebendo o embasamento teórico de que precisávamos.

Sempre trouxemos muito teatro, jogo, brinquedo, fantasia... para a nossa sala de aula. Nunca fiquei insegura porque sabia que dava certo. Os alunos gostavam e com isto aprendiam e esta era a minha certeza.

Mas agora tenho muito mais convicção ao falar porque tenho onde embasar minhas idéias.

Vigotski em sua obra Linguagem,desenvolvimento e aprendizagem coloca que "do ponto de vista da psicologia da personalidade, os jogos imaginativos com regras e objetivos desenvolvem na criança importantes traços. O primeiro é a capacidade de submeter-se a uma regra, dominando e controlando o comportamento, subordinando-o a um objetivo específico. Também é nesses jogos que a criança faz pela primeira vez sua auto-avaliação. Ela avalia sua destreza, habilidade e progresso comparando-se com os outros participantes do jogo. É a partir dessa comparação que se origina a avaliação consciente eindependente que a criança faz de suas habilidades e possibilidades concretas. Estes jogos também surgem como uma possibilidade de introduzir um elemento moral na atividade da criança que surge da própria ação da criança, da prática, e não de uma máxima moral que ela tenha ouvido."

Piaget (1945-1971) afirma que o intercâmbio cultural realizado na brincadeira propicia à criança desenvolver noções de lógica, pois esta procura usar palavras que são comumente compreendidas, fazer afirmações verdadeiras e pensar logicamente.

Um dia de terror bem brasileiro

Agora vou tentar descrever toda a emoção que eu e minha colega(do PEAD e de trabalho no turno da tarde) Stela sentimos ao realizar um dos trabalhos com nossas duas turmas juntas.

Juntamos nossas turmas e fizemos grupos onde haviam alunos da minha quarta série e do primeiro ano da Stela.
Lançamos a eles um desafio: Um dia de terror brasileiro ao invés de halllowen.

Eles pesquisaram personagens que assustam aqui no Brasil. Eles pintaram caras de cavalo e grudaram nas vassouras da escola,confeccionaram objeto com sucata e fantoches de vara, costuraram uma mula sem cabeça, cataram roupas no baú e apresentaram.

Estou sem palavras para descrever a maravilha de vê-los trabalhando no grupo, pesquisando, confeccionando, ensaiando e apresentando. Foi simplesmente o máximo, maravilhoso, encantador!

Eu e a Stela quase choramos de emoção. Foi indescritível!!!

Estamos tentando fazer a "Escola da Ponte" aqui em Rondinha. Envolvemos também as mamães que nos ajudam com as costuras e tudo o mais que precisar organizar. E que no final ficam como nós, babando com o sucesso dos filhos.

O teatro é um conhecimento que ultrapassa a idéia do desenvolvimento de uma forma de expressividade ou de desinibição, mas que possibilita também o desenvolvimento da operatoriedade(FÜRTH,1987,P.178). Conforme explica Ana Carolina Fucks, o fazer teatral torna possível uma maior compreensão por parte do indivíduo de si e do mundo que o cerca, pois exige uma reestruturação física e mental para tornar materiais e artísticas as idéias que pretende comunicar.

Viola Spolin, pesquisadora norte-americana, desenvolveu o sistema de aprendizado da linguagem teatral baseado na improvisação. A proposta dos jogos teatrais de Spolin está relacionada a "fisicalização", que é tornar físico, expressar e trazer para o plano material o que há no plano das intenções, das imagens, das sensações, dos pensamentos.
Por que você ouve tanta porcaria?
Revista Aplauso, Porto Alegre, ano 3, nº 22, 2000.Páginas 28-34

Lendo a reportagem acima, da aula de Música na escola, me senti com os pés no chão. Tem músicas que eu me nego a escutar.

Segundo a reportagem, "No caso da música popular brasi­leira - pelo menos nos últimos longos dez anos! -, essa porcaria ema­na sobretudo de inesgotáveis alê-auês que celebram desde frondosas dores-de-cotovelo até ela, preferência nacional, a bunda."

Logo a música com suas melodias harmoniosas que deveriam servir para emanar a delicadeza ou até o questionamento, o ritmo da vida, o compasso do coração, difundir a cultura, é utilizada de forma tão banal para a glória da indústria fonográfica brasileira.

Coloco aqui um questionamento que deixei no fórum de música. Nós educadores temos uma certa parcela de culpa. Afinal, conforme a matéria "O que geralmente acontece no universo das rádios, levando milhares de pessoas a movimentar as altas cifras da indús­tria do entretenimento musical, é a repetição."


Então, nós convivemos com nossos alunos durante, no mínimo quatro horas por dia, cinco dias por semana.


Que tal presenteá-los com repetidas doses de boa música?
Conforme o texto de Fanny Abromovich, Literatura infantil:gostosuras e bobices "o ritmo que o sentimento transmitido através de boas histórias e poesias é dado pelos olhos que vão seguindo linhas e linhas, pela voz que fala, pelo corpo que se move junto, seguindo o compasso dos versos, a cadência do poema, o envolvimento acontecendo por inteiro. Pode ser lindamente bailável, leve, rodopiante, Como um dos poemas de José Paulo Paes em É isso ali:
valsinha
é tão fácil dançar uma valsa,rapaz
pezinho prá frente pezinhoprá trás
prá dançar uma valsa é preciso só dois
o sol com a lua feijão com arroz"