segunda-feira, 15 de novembro de 2010


O eixo 6 nos trouxe reflexão acerca da inclusão. Eu penso que a inclusão ainda está muito no papel porque simplesmente os alunos estão freqüentando classes ditas normais mas muitas vezes são largados a própria sorte.
Tive oportunidade de trabalhar com um aluno especial. Ele era realmente uma pessoa especial. Eu o conheci em 2004 e juntos formamos um belo par. Eu agora não trabalho mais na escola onde ele estuda mas mesmo distantes não deixamos de nos falar pelo telefone. Há um relato do meu trabalho com ele em http://peadportfolio156808.blogspot.com/2009/04/inclusao-de-fato-e-de-direito-e-o-que.html
Ele escreve ortograficamente correto e sabe a tabuada de cor. Mas sua maior habilidade é com a tecnologia. Quando eu descobri isso e percebi que os professores não esperavam que ele copiasse para depois apagarem o quadro já que ele é lento para copiar pois sua dificuldade é mais motora, pedi aos pais que comprassem um laptop para ele, ajudei-o a criar uma pasta para cada disciplina e convenci os outros professores, a coordenação e a direção da escola a permitirem que ele utilizasse esta ferramenta para que conseguisse mais agilidade na hora de registrar suas reflexões. Foi incrível a sua transformação a partir daí. Agora ele tem todos os registros. Quando podemos sempre nos encontramos para matar saudades e ver como anda sua organização com o notebook.  
Warschauer (2006), a inclusão digital é uma faceta da inclusão social e consiste, além
de proporcionar o direito de acesso ao mundo digital para o desenvolvimento intelectual

A utilização diária dos números no cotidiano foi a temática principal da interdisciplina de Matemática no Eixo 4. Eu particularmente registrei os números da minha vida: nascimento, casamento, nascimento dos filhos, contas, cartões, senhas, documentos...
Durante o semestre fomos instigados a criar atividades significativas com nossos alunos e foi muito bom. Naquela época eu morava em Rondinha e trabalhava na Escola Professor Dietschi quando orientava o Projeto Envolva-se com a Dietschi, projeto este que por ser interdisciplinar fez parte de muitas atividades descritas para a interdisciplina de Matemática. Basicamente consistia em arrecadar a maior quantidade de lixo reciclável possível e fazer sabão com óleo de cozinha já utilizado para vender e com os recursos arrecadados adquirir computadores novos conectados a internet para que os alunos pudessem gerenciar seus blogs que aos poucos fomos criando. Mas pelo caminho era preciso separar os lixos, era a classificação. Fazíamos também sabão. Numa das vezes colocamos o sabão ainda mole em bacias retangulares e cortamos em linhas e colunas e transformamos em linguagem de multiplicação e divisão. Colocamos preços para colocar o sabão a venda e trabalhamos sistema monetário. Além de muitas outras atividades como pesagem dos lixos, organização para armazenamento até que o caminhão passasse para recolher... enfim.
Assim as relações foram sendo construídas e foi um trabalho muito gratificante que foi enriquecido pelas reflexões acerca do ensino de Matemática e fiquei muito orgulhosa ao receber o seguinte comentário da tutora Juliana:
Mara!!!
Estou muito encantada em ver como estás estabelecendo excelentes relações entre as propostas
das atividades de Matemática e o teu projeto de trabalho na escola.
Realmente, se evidencia a interdisciplinariedade nas tuas atividades.
As atividades apresentadas estão de acordo com as propostas, e demonstram as inter-relalções que estás estabelecendo
entre os conceitos estudados e a tua prática docente.
Siga assim!!!
Até mais!
Juliana Machado

sábado, 13 de novembro de 2010

O Blog da turma com a qual eu trabalho está ficando cada vez mais diversificado. Os alunos e um colega professor que conheci na outra escola onde trabalho são colaboradores e portanto autores do blog o que traz idéias muito interessantes para serem compartilhadas por todos.

O professor João Victor, que além de proofessor é técnico em informática, vem geralmente uma vez por semana no dia em que vamos para o laboratório,  mas também atua a distância postando no blog. Ele tem um blog da turma dele que já foi visitado e comentado pelos meus alunos e eu. O que meus alunos mais gostaram no blog deles é que tem jogos e então eles entraram, jogaram, comentaram e pediram para o professor João Victor colocar jogos no nosso também.

Os alunos em sua maioria não têm computador ou não têm internet em casa então fazem suas postagens na escola naquela uma vez por semana em que vamos ao laboratório mas tenho uma aluna que virou blogueira e ela costuma entrar no blog em sua casa para além de jogar, fazer postagens acerca de suas aprendizagens e também registrar suas perceopções acerca da aula, combinações do grupo, enfim. O blog está ficando muito interessante e vale a pena visitar pois nos remete a reflexões acerca da utilização dos jogos e do uso da tecnologia.


Piaget (1945-1971) afirma que o intercâmbio cultural realizado na brincadeira propicia à criança desenvolver noções de lógica, pois esta procura usar palavras que são comumente compreendidas, fazer afirmações verdadeiras e pensar logicamente.

“apresentar o computador à criança, desmistificá-lo, mostrar à criança o seu potencial e as suas limitações, ensinar a criança a utilizá-lo e a dominá-lo, são funções a que nenhuma escola pode-se furtar hoje. Amanhã já será muito tarde.”(Chaves, 2004)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Esta semana depois da troca de livros feita semanalmente na biblioteca da escola cada grupo escolheu uma obra para fazer a dramatização ficou sensacional e eu me recordei justamente da disciplina de Literatura oferecida pelo PEAD onde nós alunos tivemos que encenar uma peça.

Mais ou menos envergonhados todos nós tivemos que nos preparar para o grande dia e foi maravilhoso pois tivemos oportunidade de conhecer habilidades que até então não conhecíamos uns dos outros. Descobrimos cantores, maquiadores, humoristas, hábeis costureiras, cabeleireiras, enfim... quando vejo agora meus alunos produzindo vejo que eles também aos poucos vão descobrindo suas habilidades e se auto conhecendo e conhecendo e aceitando melhor o outro.
O teatro é um conhecimento que ultrapassa a idéia do desenvolvimento de uma forma de expressividade ou de desinibição, mas que possibilita também o desenvolvimento da operatoriedade(FÜRTH,1987,P.178). Conforme explica Ana Carolina Fucks, o fazer teatral torna possível uma maior compreensão por parte do indivíduo de si e do mundo que o cerca, pois exige uma reestruturação física e mental para tornar materiais e artísticas as idéias que pretende comunicar.
Viola Spolin, pesquisadora norte-americana, desenvolveu o sistema de aprendizado da linguagem teatral baseado na improvisação. A proposta dos jogos teatrais de Spolin está relacionada a "fisicalização", que é tornar físico, expressar e trazer para o plano material o que há no plano das intenções, das imagens, das sensações, dos pensamentos.

Numa postagem chamada sala de aula, minha paixão encontrei meu relato sobre a turma com a qual eu trabalhava em Rondinha: 12 alunos, idade entre 10 e 13 anos, a maioria das mães dona de casa, os pais em sua maioria comerciantes, aposentados e funcionários públicos.

Comecei a comparar com a minha turma atual: 31 alunos, idades entre 9 e 10 anos, a maioria das mães e pais trabalhadores na indústria de calçados.

Mas... Na sala que agora está repleta de alunos e portanto mais apertadinha também se encontra um cantinho para livros de literatura, também se faz muito trabalho de arte, também sentamos em grupos e a minha proposta de interação entre os alunos, entre as turmas, com os pais e com os outros setores da escola continua sendo batalhada dia após dia para que uma escola mais justa, igualitária, moderna e eficiente deixe de ser uma utopia para tornar-se realidade.

A contribuição que a educação pode trazer aos indivíduos não é a aquisição de um “corpo de conhecimentos”, algo exterior a ele, mas, possibilitar a “elaboração ou reelaboração de alguma forma reflexiva do sujeito consigo mesmo” (LARROSA, 1999, p.36).

Encontrei a primeira postagem de perguntas onde citei um texto chamado “Qual é a questão” extraído da obra "Internet em sala de aula", Porto Alegre: Artmed, 2003 "
"Questões que provavelmente não seriam as que o professor faria aos alunos como convite a estudar, abrem janelas inusitadas para que o conhecimento se construa interdisciplinarmente."
E aí eu me lembrei de como começamos na época lá em Rondinha minha amiga Stela e eu a instigar nossos alunos a fazerem perguntas e nos projetos lindos que construímos todos juntos.
Procurando a obra de onde retirei a citação acima encontrei o blog de uma colega do PEAD, a Roseli http://peadportfolio156683.blogspot.com/2010/10/qual-e-questao.html  que também fez uma postagem onde ela coloca que a aprendizagem a partir das perguntas tem sabor... E  que o medo de perguntar e se expor desaparece frente ao prazer de ir em frente.
“deveríamos pensar em criar ambientes abertos à explorações e interações, onde os alunos pudessem alimentar seus interesses e curiosidades, efetuar escolhas e ter o tempo necessário para experimentações.” Beatriz C. Magdalena e Iris Elisabeth Tempel Costa¹ (2003,p.2)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010


Eu fiquei emocionada ao reler o memorial infância que fiz durante a graduação: Parece que tinha cheiro de quando eu era pequena.
Depois o caminho da escola e a apresentação da minha escola. Foram tantos detalhes descritos... senti muitas sensações ao me lembrar de cada espaço descrito criteriosamente por mim mesma desde a minha casa onde morávamos todos juntos: meu marido, meus três filhos e eu até a escola onde tive a oportunidade de tantas trocas... e onde eu trabalhava com minha grande amiga Stela que foi quem me incentivou a fazer o vestibular na UFRGS e com quem continuo mantendo uma estreita relação de amizade apesar da distância física.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se:
A vida não está aí apenas para ser suportadada nem vivida,
Mas elaborada. Eventualmente reprogramada.
Conscientemente executada.
Muitas vezes, ousada.
                                                Lya Luft

Cada um de nós é diferente e nosso olhar sobre um determinado assunto é diferente porque reflete nossa história genética e de vida, enfim muito de nós mesmos, como percebemos numa atividade em que tivemos que escrever sobre o filme “O encouraçado Potenkin”, cada um de nós produz suas verdades. Importante é respeitar, valorizar as diferenças como forma de crescimento, de transformação, de mudança...
Nossa própria prática deve ser repensada. As tecnologias estão aí e não podemos deixar que passem fingindo que não estamos vendo senão nossos alunos passarão e nós é que ficaremos. As músicas tão contestadas pelos professores nos fones de ouvido em sala de aula poderiam virar paródias na revisão de conteúdos. A produção de texto individual sem conversa poderia virar texto formiga onde todos contribuem para a construção e torna-se uma atividade prazerosa. Quem sabe se permitirmos que outros olhem conosco para dentro da nossa sala, aceitar que eles dêem sua opinião e buscarmos mais qualificação possamos alcançar a tão sonhada educação de qualidade. Porque é certo que ninguém está errado, todos pensam em fazer o melhor, no entanto ou somos donos da verdade ou nos sentimos inseguros e nem uma coisa nem outra é a verdade porque todos nós temos uma bagagem importante, mas não podemos deixar de buscar nos qualificar.
“ Tão errado é confiar além dos limites quanto errado é não confiar.”(Paulo Freire)

Historicamente a educação foi monopólio de poderosos. Na época em que os portugueses chegaram ao Brasil, a Igreja Católica mantinha poderio total. Com o desenvolvimento econômico e a modernização foi-se tentando organizar a educação formal. O Brasil conta com educadores mestres na arte de educar com Paulo Freire que prestou imensa contribuição, mas todos nós ainda temos muito caminho pela frente para contribuir para que num  futuro não tão distante possamos ter um sistema social, econômico e político menos perverso, mais justo e humano onde todos tenham oportunidades iguais.
Para isso precisamos nos questionar sempre, permanecer inquietos para que possamos lutar contra a dominação dos cargos e também contra as forças dos próprios professores que estão acomodados na profissão, sem ânimo para encontrar caminhos que nos levem a outras ilhas desconhecidas.
“A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que desperta.”( Paulo Freire)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010


A educação é processo e como tal acontece lentamente, mas quando penso em como eu era e como sou como meus alunos eram e como estão autônomos com o uso das tecnologias e acerca das tomadas de decisões nos trabalhos em grupo me surpreendo.
No início do ano com a proposta de sentarem-se em grupos os alunos não sabiam como agir chegando a colocar cadernos e livros na sua frente para que os colegas não visualizassem suas atividades; hoje eles discutem, trocam idéias e sugestões e as vezes o assunto fica quente porque é difícil o grupo tomar uma decisão frente a opiniões diferentes, mas eles chegam sempre a um acordo. Com o notebook que eu levava para a sala de aula eles tinham medo de mexer e estragar. Não sabiam trocar de linha, fazer letra maiúscula, enfim... hoje eles têm e-mail, blog da turma onde são colaboradores... É uma interação constante!
“Nos grandes processos históricos, vinte anos equivalem a um dia, ainda que em seguida possam apresentar-se dias que concentram em si, vinte anos”.Marx e Engels
A educação é bem assim. Um processo demorado... executam-se passos de tartaruga para desenvolver a consciência, no entanto, quando visualizamos nossos alunos tornando-se capazes de realizar grandes tarefas são os grandes dias que concentram em si vinte anos.

Minha vontade de colocar em prática com meus alunos o uso da tecnologia com o qual me deparei ao entrar na UFRGS sempre foi evidente. Hoje encontrei um registro no meu primeiro blog que trata justamente sobre a ousadia de começar a vender lixo reciclável para adquirir computadores conectados a internet para a escola onde eu trabalhava e que não possuía nenhuma máquina deste tipo para utilização dos alunos.
Lembro-me bem do nosso começo quando fizemos uma campanha na escola para arrecadação do lixo limpo e que se ampliou para a comunidade. Chegavam camionetes carregadas de papelão, garrafas pet, livros antigos... e a gente se deliciava com aquilo imaginando no que se transformaria! Foi aí que nasceu o Projeto Envolva-se com a Dietschi, criando consciência ecológica... Depois fomos separando, vendendo, calculando, poupando... E um belo dia já tínhamos 6 computadores novos conectados a internet... Parecia um sonho! Como as turmas têm um número reduzido de alunos nesta escola, sentíamos no céu. A escola foi inundada pelos blogs, pesquisas na internet, comunicação por e-mail... Assim, creio que meus alunos além de colaborar com o ambiente em que vivem, ainda conseguiram apoio da comunidade. O crescimento foi individual e ssocial também. É a educação cumprindo seu papel.
Para Durkheim “Sociedade e indivíduo são idéias dependentes uma da outra. Desejando melhorar a sociedade, o indivíduo deseja melhorar a si próprio. Por sua vez, a ação exercida pela sociedade, especialmente através da educação, não tem por objetivo ou por efeito comprimir o indivíduo, amesquinhá-lo, desnaturá-lo, mas ao contrário engrandecê-lo e torná-lo criatura verdadeira humana.”

terça-feira, 9 de novembro de 2010


Encontrei uma postagem empolgante sobre o trabalho que eu estava realizando em Rondinha com meus 9 alunos de lá: teatro, arte, poesia, atividades físicas... porém nesta mesma postagem encontrei um registro onde eu relatava a minha dificuldade com a avaliação por causa da  implicação que pode ter na vida da pessoa.
Fiquei muito emocionada ao reler os comentários das colegas de Três Cachoeiras:
 Carem “estou aqui para elogiá-la pela grande virtude q tens como pessoa e profissional:perseverante, inovadora, e "confiante".Como você, acho também que a avaliação é uma questão muita ampla e acho que ela interfere muito na vida de nossos alunos.Mas o q fazer se somos cobrados incessantemente por escola,pais e até os próprios alunos? “
Loiva “parabéns pela apresentação, senti nela o encanto que tens no teu fazer pedagógico, gostaria de tê-la como professora.Privilégio dessas 9 crianças que convivem contigo diariamente.Quanto a avaliação? Aposto que,tu a fazes muito bem.”
Micheline “Eu também nao gosto de avaliacao!!! Me sinto precionada!!! E as vezes com medo do que possa refletir nos alunos...”
Da tutora Zezé “descobri seu segredo, destas postagens cheias de cores, transmitindo muita alegria, vida. Você é assim, de bem com a profissão, comprometida com o que faz, mas alerta com os percalços que a profissão tem , "Só não gosto de uma coisa na minha profissão: Avaliação. Tenho medo de como isso reflete na vida de cada aluno." Mara creio que no momento que todos vocês forem se apropriando das literaturas propostas e efetuar uma analise da sua prática em sala de aula a luz dos teóricos da educação, que vocês já começaram a ler, vai ajudar a vencer o medo e com certeza soluções serão encontradas.”
e da professora Mara Níbia Silva “Teu encantamento pelo que faz salta aos olhos e com certeza também na avaliação de teus alunos.”
Piaget(1989) destaca a necessidade das crianças de pular, saltar, correr, escorregar, rolar, dramatizar, dançar,contar...  Então criança precisa de envolvimento e mobilização e não de silêncio e imobilidade. O que ressalta a importância de trabalharmos com projetos onde nosso alunos possam utilizar inteligências múltiplas, interagindo através das expressões do corpo, de oralidade e trocando, partilhando idéias seja nos grupos de sala de aula ou através das ferramentas digitais que auxiliam na construção de conhecimentos a partir da escrita de tantos outros juntando a idéia de cada um. Assim, talvez estejamos finalmente no caminho que Comênio em 1657 buscava “ o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais”.