domingo, 24 de janeiro de 2010



Só se aprende fazer, fazendo!

"A própria construção do conceito de sujeito é cultural e toda a prática social tem seu caráter discursivo" (Luke,1996)

Dalla Zen e Trindade trazem a citação acima numa proposta de entendimento de que a fala, a leitura e a escrita nascem junto com o sujeito que inicia balbuciando sons para testar sua voz, depois arriscando repetir o que ouve a sua volta e desde que nasce o bebê é investido de um mundo de leitura involuntário, é claro, mas que passam a fazer parte da vida da criança que logo passa a conhecer por exemplo a marca do achocolatado para misturar no leite, a marca do brinquedo que gostaria de ganhar no Natal, enfim... há um mundo de leitura a sua volta.Quando chega a escola, não podemos querer que esta criança escreva textos ou se interesse por escritos que falam de praia se ele nunca foi ao litoral porque mora numa comunidade alemã do interior do Rio Grande do Sul, isto se justifica pelo simples fato de que cada uma destas comunidades apresenta sua própria cultura, linguagem popular, hábitos e estrutura social. No entanto, a função da educação é a mesma em todos os casos, pois partindo dos saberes que estas pessoas já adquiriram durante a sua existência, busca um crescimento do conhecimento de forma que o educando se torne um ser capaz de atuar na sua sociedade e no seu destino.

No exemplo acima busquei comunidades bastante distantes uma da outra mas eu própria vivi esta experiência quando me transferi a 5 anos atrás de uma comunidade no Centro de Novo Hamburgo para o Balneário Rondinha em Arroio do Sal, foi uma rica experiência pois cresci muito conhecendo a história daquele lugar que eu conhecia apenas em época de veraneio mas que quando a comunidade percebeu que eu ficaria por lá tive que conquistar meu espaço e comecei exatamente me interessando pelas histórias de lá e incentivando a escrita desta história que publiquei em

http://escolaprofessordietschi.pbwork.com

Conhecendo esta história, convidei os alunos e suas famílias para escreverem e durante as entrevistas meus alunos descobriram que meu marido conhecia um pouco da história uma vez que sua família foi uma das primeiras a ir veranear em Rondinha. Aos poucos deixamos de ser estrangeiros para nos tornar membros daquela comunidade que aprendemos a conhecer e respeitar e pela qual me sinto querida e acolhida.


Portanto, acredito que aprende-se a falar, falando; a ler, lendo e a escrever, escrevendo. Mas para trabalhar com alunos a educação exige um processo de pesquisa do professor acerca da realidade em que ele atua.

Nenhum comentário: