quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Psicologia da Vida Adulta

Projeto Temático

Este trabalho foi feito em grupo por Mara Núbia Bilhalva Braum, Stela Maris da Rosa Dias e Maria do Carmo Dewes

Como se preparar com praticidade para a hora da aposentadoria
sem medo da improdutividade


“É importante saber identificar mestres
E enxergar em funcionários mais experientes
Uma fonte de saber”
(trecho retirado do jornal Bom Dia Brasil, 18.09.2008, Rede Globo)

O tema escolhido para este projeto temático foi em função de uma reportagem que a Maria do Carmo Dewes assistiu e comentou conosco nos fazendo curiosas diante do assunto. A reportagem foi exibida no jornal Bom Dia Brasil da Rede Globo no dia 18 de setembro de 2008 disponível no site da globo.com.
A aposentadoria é uma questão difícil de administrar. Poucas pessoas sabem lidar com as situações criadas por este “novo tempo”. A maioria tende a supervalorizar tanto os efeitos negativos quanto os positivos. De um lado as horas livres para fazer tudo o que ficou para trás por falta de tempo. De outro vêem o afastamento do trabalho como a fronteira com a velhice com toda a carga de preconceito a ela associada. Muitas vezes a depressão, a inatividade e a falta de entusiasmo deixam a família sem saber o que fazer e acaba perturbando todas as pessoas que convivem com o aposentado.
Porém, um novo aposentado começa a chegar ao mercado de trabalho e a influir positivamente na vida familiar e social. Pessoas que têm consciência do tédio e desmotivação que o tempo livre pode trazer, enquanto a aposentadoria pode marcar o início de um novo período produtivo do ponto de vista pessoal e profissional. É aquele que sabe o que quer e planeja sua vida com a ajuda de políticas desenhadas por especialistas em recursos humanos que ajudam nessa transição.
A palavra “aposentadoria” causa o impacto da pós-carreira e é cercada de muitos mitos, desinformação e preconceito. A maioria dos aposentados tem dificuldade de arranjar um novo emprego para manter o padrão de vida e até de se sustentar. No Brasil, este problema é agravado pela despreocupação com uma poupança e um sistema previdenciário que não tem condições de financiar, pois o número de aposentados aumenta juntamente com a expectativa de vida das pessoas.
A conscientização da sociedade para essa realidade e o aprimoramento das políticas de apoio ao aposentando avançam em busca de uma solução mais ampla e efetiva. Atualmente um crescente número de organizações vem desenvolvendo Programas de Preparo para a Aposentadoria (PPA) entendendo que além de cumprir com as responsabilidades sociais, tais programas são excelentes ferramentas gerenciais, pois aqueles funcionários que estão se aposentando sentem-se valorizados e mantém bom desempenho e os que estão ingressando na empresa percebem o cuidado e o respeito que estas organizações têm pelo ser humano o que vem fortalecer as relações de trabalho. Os programas de apoio aos aposentados ou trabalhadores próximos de se aposentar têm como objetivo estimular o trabalhador a pensar no seu desenvolvimento pessoal de forma continuada e sistemática, deixando de lado a busca por afazeres que preencham a vida de atividades para redirecionar seu foco para a geração de renda onde a sugestão é uma segunda carreira que lhe dê sucesso e satisfação buscando saber o que o aposentando faz bem (habilidade) e o que gosta de fazer (interesse), além de investigar também o que o aposentado não quer mais fazer, por exemplo, ficar no escritório, viajar, dar aulas, vender, enfim... Para o empregado o programa é uma oportunidade de discutir com pessoas que estão vivenciando um momento semelhante, compartilhar medos, ansiedades, sonhos, aspirações...
É preciso encontrar uma fonte de renda, pois os mais jovens, que antes sustentavam seus pais, agora precisam da usa ajuda. Segundo o IBGE, mais de sessenta por cento dos aposentados, aproximadamente catorze milhões de brasileiros, são arrimos de família. Para o psicólogo Aguinaldo Néri, professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas os conceitos de família e trabalho são os dois grandes pilares de um envelhecimento bem-sucedido. Para Néri a noção de trabalho vai além de emprego e atividade remunerada ao incluir no termo as ações de interesse social que os mais velhos podem desempenhar com propriedade.
Os programas de apoio aos aposentados trazem informações sobre o mercado de trabalho, contexto e legislação da área ou ocupação que interessa ao aposentando, dispõe de salas equipadas para fazer buscas e contatos, além de poder tirar dúvidas e discutir com assistentes e oferecem ajuda para entender o processo do envelhecimento, abordado por meio da conscientização dos ganhos e das perdas dos idosos enfatizando que as pessoas devam fazer um novo projeto de vida quando ainda estão exercendo suas atividades para que a aposentadoria não signifique um fim, mas apenas uma nova etapa onde a vida pessoal e profissional continua.
A forma, o conteúdo e a duração dos programas variam. Podem ser individuais ou coletivos, durar um dia (uma palestra de quatro horas) ou meses. Elaine Saad, vice-presidente da Associação Brasileira de recursos humanos considera adequado começá-lo seis meses antes do desligamento, mas alguns consultores recomendam que o melhor seja um ano ou até dois anos antes da aposentadoria, pois o trabalhador precisa de tempo para se conhecer melhor, se informar sobre alternativas de carreira fora da sua empresa, levantar dados, planejar e tomar decisões. E isso fica mais fácil quando ainda tem um vínculo com a empresa.
A capacidade de atendimento destes programas, contudo é ainda muito limitada ficando restrita às grandes empresas e algumas estatais como: UNICAMP, CAGECE (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), Aracruz Celulose, Banco do Brasil através do PREVI entre outras, mas que ainda não representam a maioria das empresas em exercício.
Para ilustrar nosso trabalho entrevistamos algumas pessoas já aposentadas e em processo de aposentadoria. A seguir passamos a descrever alguns casos sendo que dois deles pediram que não fossem citados nomes:
Nosso primeiro exemplo é a professora Córdula Olívia Lenhardt com formação em Artes Plásticas que se aposentou aos 48 anos, após 25 anos de magistério estadual. Ela conta que nos últimos anos de carreira foi diretora de escola o que lhe rendeu um GD (gratificação pela direção) para a aposentadoria. Ela, muito dinâmica e sempre interessada em promover a cultura, logo após aposentar-se foi convidada para trabalhar na Secretaria de Educação e Cultura de Campo Bom onde trabalhou sendo remunerada durante três anos. Depois ainda teve energia para assumir um contrato e dar aulas de Técnicas Comerciais numa escola estadual sendo que concomitantemente com o emprego na prefeitura e depois dando aulas, a professora Córdula participava ativamente do Grupo de Folclore Alemão Eintracht onde coordenava a organização da “Ein Deutsches Volksfest”, grande festa alemã com duração de uma semana incluindo exposições, desfiles, café colonial, apresentações de danças, culminando com Uma Noite Alemã, o jantar baile típico alemão que em certa edição contou com a presença do cônsul da Alemanha no Brasil. Quando a coordenação da festa foi transferida para outros participantes do grupo, ela passou então a dedicar-se as aulas de dança sênior onde continua até hoje com 72 anos de idade sendo que precisa de ajuda das alunas pelas limitações que o mal de Parkinson lhe impõe. Para ela, hoje viúva, o dinheiro continuou dando o mesmo trabalho que antes, pois durante toda a vida ela e seu marido acostumaram-se a economizar conquistando uma casa confortável na cidade, outra na praia e proporcionando uma grande ajuda aos três filhos na aquisição da casa própria de cada um deles.
Já J.C.A.C.., ainda diretora comercial de uma empresa encontra-se preocupada com a hora da aposentadoria. Ela conta que vive sob pressão e trabalha muito e muitas horas, inclusive quando está em casa, ou viajando com a família não perde o celular de vista jamais, pois a qualquer momento poderá surgir um imprevisto ao qual ela terá que atender. Disse estar acostumada com esta vida e que não se imagina de outra forma. Ela já está poupando para a hora de se aposentar, pois sabe que o salário irá diminuir muito. Tem planos de abrir seu próprio negócio porque não saberia mais viver sem a pressão do dia-a-dia. Percebemos com clareza o consumismo em que ela vive com seu alto salário que lhe proporciona prazeres como uma bela casa na cidade, outra na praia, viagens, roupas, restaurantes muito caros... Talvez motivos de seu medo da incerteza do que virá e de sua angústia com o tempo passando sem que ela tenha controle e possa aceitar esta nova fase com satisfação e paz de espírito.
Outra entrevistada foi L.S., funcionária do Banco do Brasil, que nos informou sobre a preocupação que a instituição financeira tem com relação à situação financeira dos funcionários ao se aposentarem. Ela informa que anos atrás o funcionário era obrigado a pagar a previdência privada, mas que atualmente o funcionário escolhe se quer pagar ou não os 7% descontado do seu salário e o banco também contribui com o mesmo percentual para o PREVI. O funcionário deve contribuir no mínimo 15 anos. Quando se aposenta pelo INSS, recebe a aposentadoria complementar do PREVI. Ela falou também sobre outros planos que o Banco do Brasil oferece para correntistas do banco, por exemplo, o Brasil Prev onde a pessoa precisa apenas ter CPF e pagar uma contribuição única ou uma parcela mensal e poderá optar por uma idade após 50 anos para resgatar com rendimento melhor que a poupança ou receber um valor mensal como complemento da aposentadoria. Tem também um benefício que podemos depositar para os filhos bebê, por exemplo, é o Brasil Prev Júnior onde os pais pagam no mínimo R$ 25,00 mensais até que o filho tenha 21 anos, quando poderá optar por resgatar ou migrar para o Brasil Prev e caso a pessoa que fez o Brasil Prev Júnior para o seu filho venha a falecer, o BB continuará fazendo os depósitos até que a pessoa complete 21 anos. Nessa entrevistada também percebemos bastante preocupação com a situação financeira do futuro.
Ao longo desta caminhada para a construção deste trabalho encontramos pessoas como a professora Córdula que já era uma pessoa envolvida com trabalho social durante sua vida e que apenas pode se dedicar mais depois da aposentadoria sem deixar de trabalhar de uma hora para a outra e mesmo sem passar por nenhum tipo de programa de preparação para a aposentadoria não teve nenhuma dificuldade com esta fase. Acreditamos que pelo próprio desenvolvimento da sua personalidade que segundo Erikson (ELKIND, David. As Oito Idades do Homem segundo Erikson. Diálogo, 11(1), 3-12, 1978), quando bem desenvolvidas todas as oito etapas do desenvolvimento humano a pessoa chega à velhice aceitando as perdas e os ganhos que a idade lhe impõe. Enquanto pessoas que não têm envolvimento com comunidades, vivendo somente em torno de si, seu emprego, seu salário, suas compras e suas famílias acabam sentindo um grande vazio quando os filhos saem de casa, a idade avança, a saúde pede maiores cuidados e ainda por cima vem a aposentadoria com o rótulo “eu não sirvo mais para nada”.


Bibliografia:

http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00000706&lng=pt&nrm=iso

http://www.unicamp.br/dgrh/informativo/005/projetovisa.html

http://www.guiarh.com.br/pp46.html

http://www.via6.com/topico.php?tid=96397

http://www.cagece.com.br/cagece/gestao_pessoas/ppa/

www.globo.com

Revista Vida e Saúde

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